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sábado, 26 de agosto de 2017

Consolo pela filosofia

c. 2280 a.C.

Consolo pela filosofia

Egito antigo

Raciocínio determinado e cuidadoso pode, por si mesmo, trazer conforto à alma

Os humanos usaram sua racionalidade para muitos fins,
incluindo a especulação filosófica, ou, falando de forma
geral, a atividade de pensar exaustivamente sobre determi-
nado problema. Em especial, os humanos pensaram muito
sobre sofrimento e morte. Embora eles quase certamente
não tenham sido os primeiros a pensar nesses problemas,
os egípcios, no Diálogo do desiludido (2280 a.C.) estão entre
os primeiros a terem registrado as suas especulações. Os
mesopotâmicos também escreveram tratados semifilosó-
ficos, como o Eclesiastes babilônico (1000 a.C.).
   As produções mais conhecidas de trabalhos filosófi-
cos voltados para essas questões são Apologia (399 a.C.)
e Phaedo (360 a.C.), obras de Platão (424-348 a.C.), MAS
foi o platônico cristão Boécio (480-524 d.C.) que cunhou
a expressão "o consolo pela filosofia". Em seu livro homô-
nimo, escrito em 524 d.C., Boécio se encontra aprisionado
injustamente, aguardando execução. Destituído de toda
sua glória, poder e influência, ele é tomado pelo deses-
pero até a chegada da Dama Filosofia. Diferente da Dama
Sabedoria no Livro dos provérbios, que simplesmente expli-
ca ao seu pupilo a situação, a dona Filosofia de Boécio o
encoraja a pensar com cuidado sobre o motivo por que ele
está sofrendo e por que, em última análise, seu sofrimen-
to não importa.
   O consolo trazido pela Dama Filosofia não é ocasiona-
do, como humanistas seculares às vezes imaginam, por
uma rejeição da religião. Em vez disso, Boécio escolhe
entre não encontrar conforto em nada, encontrar confor-
to pela não especulação e encontrar conforto por meio do
raciocínio filosófico. A terceira opção implica a capacida-
de de buscar evidências onde quer que elas possam ser
encontradas, inclusive em fontes religiosas. AB

Retirado do Livro 1001 Ideias Que Mudaram Nossa Forma de Pensar / Editora Sextante