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quarta-feira, 21 de março de 2018

Mito do dilúvio

c. 2150 a.C.

Mito do dilúvio

Mesopotâmia

Crença de que um dilúvio foi enviado como punição contra os humanos

A maior parte das civilizações antigas tem algum mito envolvendo dilúvios que relata, com semelhanças notáveis, como Deus ou os deuses enviaram, como punição, uma enorme inundação para destruir os humanos. Uma narrativa suméria de 2150 a.C. é o registro escrito mais antigo de um mito do dilúvio, embora o relato bíblico seja o mais detalhado. Em todas as versões do mito, a divindade fica irada pelas ações dos humanos recém-criados. Uma enchente é então enviada para destruir todos aqueles que caíram no desgosto divino, mas em todos os casos existe um homem excepcional que é alertado da destruição vindoura e instruído a construir um barco para sobreviver ao massacre. Na maior parte dos casos o homem leva sua família a bordo, junto com um par de todas as espécies de animais que estariam no caminho destrutivo da enchente. Uma vez que a ira divina cessa e as águas do dilúvio recuam, os humanos agradecem à divindade e então repovoam a terra destruída.
    Embora alguns vejam este mito como o relato histórico de um evento que afetou o mundo inteiro, essa não é necessariamente a melhor interpretação. Frases descritivas como "e as águas cobriram todas as montanhas" provavelmente são apenas hipérboles, sugerindo que, embora a semelhança global dos mitos torne algum evento histórico original um tanto provável, seria mais sensato pensar no evento, tanto textual quanto cientificamente, como uma inundação local - talvez no Oriente Próximo.
     Qualquer que seja o caso, o mito do dilúvio consistentemente inspirou a crença em alguma forma superior. O arco-íris que se segue à enchente fornece um símbolo poderoso da justiça divina (na punição dos malfeitores) e do amor (os penitentes são poupados). AB 

Retirado do Livro 1001 IDEIAS Que Mudaram Nossa Forma de Pensar / Editora Sextante

sábado, 10 de março de 2018

Alma

c. 40000 a.C.

Alma

Origem desconhecida

Crença em uma entidade não física com certas características essenciais

A crença na existência de almas prevalece no seio da raça humana por milênios. O conceito alma, ao que tudo indica, surgiu por volta da mesma época em que emergiu o xamanismo (40000 a.C.), que pode ser considerado o primeiro exemplo de religião. A descoberta de itens ritualísticos em cemitérios xamânicos sugere que aqueles que realizaram os sepultamentos acreditavam na vida após a morte, o que, por sua vez, implica a crença de que os indivíduos tinham um componente não físico que permanecia após a morte. Tal componente não físico - a alma - pode ser definido como a essência imaterial ou príncipio animador da vida de um indivíduo. É geralmente visto como separado do corpo e costuma ser associado a faculdades como pensamento, ação e emoção.
     As tradições religiosas mais antigas - xamânicas, politeístas e monoteístas - geralmente concordam que a alma determina a identidade de dado ser e contém em si um princípio vital organizado para o ser em questão. Assim, por exemplo, a identidade senciente de uma zebra é fundada em sua alma. Para algumas tradições religiosas - xamanismo, por exemplo -, o tipo de alma em uma rosa, zebra ou em um humano não é claramente distinguível, o que com frequência leva à concepção de que todas as almas têm igual valor. Outras tradições, no entanto, argumentam que a alma humana é imortal e racional e, portanto, é mais valiosa do que a alma de uma rosa ou de uma zebra, ambas mortais e não racionais.
     A crença quase universal de que a alma humana é imortal nos levou à crença também quase universal tanto de um submundo que abriga as almas merecedoras. No submundo as almas são vistas em meio à miséria, parcialmente porque não têm um corpo, enquanto no céu as almas são comumente representadas se deleitando com os frutos do corpo. AB

Retirado do Livro 1001 IDEIAS Que Mudaram Nossa Ideia de Pensar / Editora Sextante

terça-feira, 19 de setembro de 2017

The Oregon Trail

The Oregon Trail



Ano de lançamento: 1971
Plataforma: Diversas
Desenvolvedor: MECC
Gênero: Educativo

Milhões de crianças dos anos 1980 cresceram com o jogo
The Oregon Trail instalado no computador das salas de aula.
Apresentado como software educativo, não ensinava quase
nada aos alunos sobre a verdadeira Trilha de Oregon - apenas
que era um lugar onde se atirava em ursos, se atravessava rios
e ocasionalmente se morria de cólera. Porém, para uma gera-
ção inteira, The Oregon Trail foi um glorioso cavalo de Troia
que, de alguma forma, fazia com que não houvesse problema
em brincar no computador durante o horário escolar. É um
jogo de estratégia em turnos, interessante por si só. Assim,
embora fosse terrível enquanto lição de história, ele ensinava à
garotada como desenvolver um plano de jogo e administrar o
equilíbrio entre risco e recompensa. Com certeza, ele era bem
mais importante do que alguns velhos pioneiros empoeirados.
   Tudo começa na cidade de Independence, onde você esco-
lhe o que faz da vida: lavrador, carpinteiro ou banqueiro. Os
melhores empregos podem ser acompanhados por ganhos
maiores, mas, mesmo para o banqueiro, o jogo é de uma dificulda-
de perversa. A vida de um pioneiro não era moleza, afinal de con-
tas, e por isso era preciso administrar seus recursos com cuidado,
balas para as caçadas ou garantir a aquisição de peças sobres-
salentes, no caso de algo enguiçar? A longa labuta da viagem é
interrompida por limites territoriais, em especial pelas travessias de
rios. É aqui que muitos jogadores afoitos encontraram seu fim ao
vadear em águas com quase três metros de profundidade só para
economizar a grana com a passagem de balsa.
   The Oregon Trail já esteve disponível em incontáveis dis-
positivos e em inúmeras edições desde sua estreia em 1971,
mas a versão definitiva é, provavelmente, aquela para os
computadores Apple II, de 1985. É a que conta com gráficos
coloridos, extremamente detalhados para a época, e que a 
maioria dos jogadores recorda como seu primeiro encontro
com aquela estranha criatura conhecida como "edutainment"
(combinação de educação e entretenimento). JT

Retirado do Livro 1001 VideoGames para Jogar Antes de Morrer / Editora Sextante

sábado, 26 de agosto de 2017

Poesia

c. 2150 a.C.

Poesia

Suméria

Forma de arte literária que usa as palavras e seus sons para transmitir significado

A humanidade foi capaz de usar a linguagem muito antes
da invenção da palavra escrita, e a poesis quase certa-
mente existiu antes da escrita. Quando as culturas antigas
queriam relatar contos ou histórias orais, elas podem ter
usado formas e estilos poéticos, tais como rimas e métrica,
para facilitar aos ouvintes a lembrança do que eles tinham
escutado. Num sentido mais moderno, a poesia usa pala-
vras para criar obras de arte. Distinta da prosa ou literatura,
a poesia invoca as qualidades das palavras como escri-
tas, formatadas ou estruturadas não apenas para trans-
mitir significado, mas também para fazê-lo de forma bela
ou estilística
   O primeiro poema escrito conhecido, a Epopeia de Gil-
gamesh, vem da Suméria antiga de alguma época por volta
de 2150 a.C. O surgimento da poesia atravessou fronteiras
culturais, com trabalhos antigos notáveis emergindo nas
sociedades indiana, chinesa e grega. Ao longo de milênios,
poetas incorporaram uma gama de recursos literários tais
como aliteração e rima, assim como poesia escrita numa
diversidade de formatos e arranjos. O desenvolvimento
mais recente da poesia de verso livre ou forma livre deu
aos poetas a oportunidade de criar sem as limitações for-
mais e estruturais do passado.
   A humanidade criou palavras para descrever o mundo
natural, mas essas palavras não são meras descrições -
A poesia captura o impacto que as palavras têm sobre nós.
Seja estruturada, rimada ou de verso livre, ela traz as ima-
gens e as emoções que ocorrem em nossas mentes quan-
do escutamos ou lemos palavras, e molda essas palavras
em formas que comunicam mais significado do que pode-
riam se fossem expressas de outra maneira. MT

Retirado do Livro 1001 Ideias Que Mudaram Nossa Forma de Pensar / Editora Sextante

Consolo pela filosofia

c. 2280 a.C.

Consolo pela filosofia

Egito antigo

Raciocínio determinado e cuidadoso pode, por si mesmo, trazer conforto à alma

Os humanos usaram sua racionalidade para muitos fins,
incluindo a especulação filosófica, ou, falando de forma
geral, a atividade de pensar exaustivamente sobre determi-
nado problema. Em especial, os humanos pensaram muito
sobre sofrimento e morte. Embora eles quase certamente
não tenham sido os primeiros a pensar nesses problemas,
os egípcios, no Diálogo do desiludido (2280 a.C.) estão entre
os primeiros a terem registrado as suas especulações. Os
mesopotâmicos também escreveram tratados semifilosó-
ficos, como o Eclesiastes babilônico (1000 a.C.).
   As produções mais conhecidas de trabalhos filosófi-
cos voltados para essas questões são Apologia (399 a.C.)
e Phaedo (360 a.C.), obras de Platão (424-348 a.C.), MAS
foi o platônico cristão Boécio (480-524 d.C.) que cunhou
a expressão "o consolo pela filosofia". Em seu livro homô-
nimo, escrito em 524 d.C., Boécio se encontra aprisionado
injustamente, aguardando execução. Destituído de toda
sua glória, poder e influência, ele é tomado pelo deses-
pero até a chegada da Dama Filosofia. Diferente da Dama
Sabedoria no Livro dos provérbios, que simplesmente expli-
ca ao seu pupilo a situação, a dona Filosofia de Boécio o
encoraja a pensar com cuidado sobre o motivo por que ele
está sofrendo e por que, em última análise, seu sofrimen-
to não importa.
   O consolo trazido pela Dama Filosofia não é ocasiona-
do, como humanistas seculares às vezes imaginam, por
uma rejeição da religião. Em vez disso, Boécio escolhe
entre não encontrar conforto em nada, encontrar confor-
to pela não especulação e encontrar conforto por meio do
raciocínio filosófico. A terceira opção implica a capacida-
de de buscar evidências onde quer que elas possam ser
encontradas, inclusive em fontes religiosas. AB

Retirado do Livro 1001 Ideias Que Mudaram Nossa Forma de Pensar / Editora Sextante

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Dicionário

c. 2300 a.C.

Dicionário

Mesopotâmia

Livro que junta em formato padrão todas as palavras de um idioma

O dicionário mais antigo do mundo data de aproximada-
mente 2300 a.C. A tabuleta em escrita cuneiforme bilín-
gue foi elaborada durante o reinado de Sargão da Acádia
(2334-2279 a.C.), que unificou as cidades-estados sumé-
rias e criou o Império Acádio da Mesopotâmia. O dicioná-
rio inclui palavras sumérias e suas contrapartes acadianas.
   Por volta de 300 a.C. os chineses criaram o primei-
ro dicionário que organizou palavras do mesmo idioma,
agrupando-as como sinônimos em dezenove categorias
diferentes. Dicionários multilíngues e glossários de ter-
mos especializados eram comuns na Europa durante a
Idade Média (500-1450), mas foi apenas quando Samuel
Johnson (1709-84) criou o Dicionáio da língua inglesa, em
1755, que surgiu o primeiro dicionário moderno. O dicio-
nário de Johnson, completo depois de nove anos, tentou
englobar todas as palavras do idioma inglês, e não apenas
as estranhas.
   Atualmente existem inúmeros tipos de dicionários
que contêm explicações das palavras de idiomas especí-
ficos, assim como uma quantidade imensa de dicionários
multilíngues e especializados em praticamente qualquer
tema. Alguns dicionários listam termos revelantes para um
assunto ou campo de estudo - dicionários jurídicos ou
médicos são exemplos -, enquanto outros contêm pala-
vras de um ou mais idiomas com traduções.
   Os primeiros dicionários tiveram pouca importância
em sociedades onde a comunicação oral era a norma.
Dicionários completos apenas se tornaram úteis após a
invenção da escrita; somente se tornaram práticos após
a invenção da imprensa, e só se tornaram realmente neces-
sários depois que a alfabetização se disseminou. O dicioná-
rio codifica a linguagem e fornece uma forma de medição
que o instruído pode aplicar na própria lingua. Consulta-
do por todos, o dicionário gerou uma uniformidade em
relação a como a palavra escrita é usada, possibilitando
uma comunicação livre e precisa - sem qualquer erro de
ortografia. MT

Retirado do Livro 1001 Ideias Que Mudaram Nossa Forma de Pensar / Editora Sextante

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Ábaco

c. 2500 a.C.

Ábaco

Suméria

Ancestral mais antigo da calculadora moderna e do computador

Desenvolvido pela primeira vez pelos sumérios na antiga
Mesopotâmia em 2500 a.C., o ábaco é um instrumento
usado para contar e fazer cálculos matemáticos. A etimo-
logia do termo "ábaco" - que vem das linguagens semíti-
cas, nas quais abaq significa "poeira" - resultou na hipóte-
se de que os ábacos originais eram placas cober-
tas com areia, nas quais os números podiam ser escritos e
depois apagados.
   De suas antigas ordens, o ábaco por fim se espalhou
para a Grécia: um tablete de mármore, com 150 centíme-
tros de comprimento e 75 centímetros de largura feito
por volta de 300 a.C. e encontrado na ilha grega de Sala-
mina é a prancheta de contas mais antiga já descober-
ta. Em seguida o ábaco alcançou Roma e China. Com o
passar do tempo o instrumento se desenvolveu de uma
caixa de areia rasa para sua forma já familiar: uma estrutura
com diversos arames extensos, cada um com esferas que
podem ser movidas e empilhadas de arame para arame.
Cada fileira de esferas representa um valor diferente: uma
fileira costuma representar unidades, a outra, dezenas de
unidades, e a última, centenas.
   Por volta de 700 d.C. os hindus desenvolveram um sis-
tema numérico inovador com valores de lugar e zeros que
tornou mais fácil o processo de fazer conta - adições, sub-
trações, multiplicações e divisões - por meio da escrita. Esta
nova ideia se popularizou com os árabes, que a introduzi-
ram na Europa por volta de 1000 d.C. Daí em diante ábacos
passaram a ser usados com menos frequência no Ocidente,
embora até hoje sejam comuns na China, no Japão e em
certas partes da Ásia Oriental, onde os melhores operadores
conseguem acompanhar o ritmo de pessoas usando calcu-
ladoras de bolso. GL

Retirado do Livro 1001 Ideias Que Mudaram Nossa Forma de Pensar / Editora Sextante